Pico de abandono de animais ocorre durante as férias de verão

Famílias viajam e esquecem de incluir bichos de estimação nos planos

Isabela Alves/Observatório do 3º Setor

No Brasil, existem, em média, 52 milhões de cães e 22 milhões de gatos de estimação, segundo uma pesquisa realizada pelo IBGE. Muitos desses animais acabam sendo abandonados ao longo do ano, principalmente no período das férias de verão.

De acordo com um estudo realizado pela Fundação Affinity, da Espanha, o abandono atinge cães e gatos domésticos de todos os tipos, independentemente da condição de saúde, raça ou idade. Após o abandono, 44% vão para a adoção, 19% retornam aos seus donos, 14% ficam em abrigos e 10% são sacrificados.

O estudo também apontou que as principais causas do abandono de cães e gatos foram ninhadas inesperadas (14%), mudança de casa (13,7%), fatores econômicos (13,2%), perda de interesse pelo animal (11,2%) e comportamento problemático do animal de estimação (11%).

Para amenizar a situação, muitas ONGs resgatam animais abandonados, cuidam deles e promovem ou participam de feiras de adoção. A seguir, conheça o trabalho de duas dessas ONGs.

Amor Por Vidas

A ONG Amor Por Vidas, fundada em 2012 e localizada no interior de São Paulo, surgiu com o objetivo de conscientizar a população sobre o abandono de animais e a necessidade de castrar cães e gatos. Atualmente a instituição abriga 130 cães e gatos.

“Sempre resgatei e cuidei de animais com minha família. Eles nunca estão 100% de saúde e precisam de muitos cuidados até serem disponibilizados para adoção”, afirma Gabriela Masson, fundadora da entidade.

Segundo a instituição, há mais de 88 mil cachorros e gatos abandonados apenas na cidade de São Paulo. A instituição consegue ajudar cerca de 400 animais por ano, mas, para que ocorra uma mudança no cenário do abandono em geral, são necessárias políticas públicas e maior conscientização sobre o tema.

O abandono de cães ocorre principalmente nas férias, pois as pessoas viajam e esquecem de incluir os animais nos planos, sendo que são vistos como parte da família. Mas hoje há inúmeras opções, como deixar com um conhecido ou familiar, deixar em um hotel de confiança, contratar serviço de hotel por aplicativo, só precisa ter força de vontade”, explica Gabriela.

Em média, a expectativa de vida de um cachorro é de 13 anos. A de um gato doméstico e castrado é de 10 anos. Antes de decidir criar um animal de estimação, é necessário entender que eles sempre serão dependentes de seus donos. Além dos passeios e brincadeiras, o animal de estimação tem diversas necessidades, como a alimentação, castração e vacinação.

“Uma pessoa que ‘perde o interesse’ em um animal que decidiu, por livre e espontânea vontade, ter como responsabilidade sua, é cruel. Um animal precisa de amor, paciência, atenção e recursos financeiros, pois não é barato manter os cuidados que eles precisam”, conclui.

Paraíso dos Focinhos

A ONG Paraíso dos Focinhos surgiu em 2012, no Rio de Janeiro, com o objetivo de resgatar, recuperar e colocar para adoção cães e gatos em situação de rua. Atualmente, a organização abriga 120 cachorros e 80 gatos, e consegue que, em média, cinco animais sejam adotados a cada mês.

“Felizmente, os brasileiros estão mais adotando animais do que comprando. Para adotar um animal de estimação não tem custo e ajuda o animal que precisa de um lar”, destaca Hanriette Soares, fundadora da Paraíso dos Focinhos.

Só em 2016, os crimes contra animais de companhia aumentaram 22%, segundo o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) . Para ajudar a conscientizar sobre o mundo dos animais e os cuidados necessários, a ONG criou o programa “Em Movimento”, disponível atualmente no YouTube.

“Muitos animais chegaram até nós com sequelas de espancamento, torturados, atropelados e com cinomose. Um dos casos que mais me chocaram foi o da cadela Drica. Adolescentes prenderam um explosivo no seu ânus e ela foi tentar tirar com a boca e acabou perdendo o ânus e o focinho”, comenta.

O abandono de animais é crime, previsto Lei Federal n°. 9.605 de 1998 (Lei de Crimes Ambientais), e uma questão social. Os maus-tratos e crueldades mais comuns contra animais incluem manter o animal preso por muito tempo sem comida, deixar o animal em lugar impróprio, agressão física, não procurar um veterinário se o animal estiver doente, entre outros.

Em 2018, a ONG Paraíso dos Focinhos pretende lançar seu projeto itinerante “Paraíso em Cada Canto”, que resgatará animais, além de levar saúde para os bichinhos no Rio de Janeiro. A clínica veterinária ambulante irá castrar, fazer exame de sangue, dar vacina e realizar um tratamento completo.

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